"Medicamentos não são suficientes" nas Filipinas
"Vivemos situações em que é frequente aparecerem-nos mulheres no estádio final da gravidez, que até aqui nunca tinham ido a uma consulta, algumas com depressões; perderam um ou mais familiares durante o tufão. Por vezes, nem há tempo para as enviar para o hospital, temos de realizar o parto onde estivermos". Esta é a realidade diária de Ricardo Bordon, um dos médicos da missão da ONG Saúde em Português (SeP) que se encontra nas Filipinas a prestar ajuda às populações afetadas pelo tufão Haiyan, que atingiu o arquipélago a 8 de novembro, em especial a ilha de Samar, onde se encontra a missão da SeP.
Baseada na cidade de Catbalogan, a equipa chegou às Filipinas a 23 de novembro para encontrar um cenário de "total caos e destruição", refere o médico. "As equipas são insuficientes, há muito poucos médicos e outro pessoal; a ajuda é insuficiente, os medicamentos não chegam para todos; as infra-estruturas são inexistentes ou estão destruídas", explica Bordon em conversa telefónica com o DN. "Há todo o tipo de carências e uma enorme pressão. Só para se ter uma ideia, só na região mais afetada estão pré-programados mais de 70 mil partos nos próximos três meses".
A equipa da SeP integra ainda outro médico e um enfermeiro portugueses, além de um local, está a realizar uma média de consulta acima das cem por dia, principalmente na área do planeamento familiar e da pediatria. A equipa da SeP está a colaborar com uma ONG filipina e um segunda equipa médica chega este fim de semana.